sexta-feira, 25 de maio de 2012

a respeito da logística

Frase do dia: a teoria da ciência indutivista é uma furada. Fato.



Observamos que as empresas baseiam seus relatórios em resultados, mas de forma infundada, uma vez que as afirmações que conduzem esses resultados são falsas. 

Como podem dizer sobre o que as pessoas querem, se o momento da oferta é um momento onde se usam óculos opacos que limitam a visão? 

Santa maria da miopia administrativa.

a frase nunca chegará.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

é tudo parte de um jogo de cartas




Expectativa. Ansiedade. Suor frio. Mãos geladas. Inúmeras mastigadas e ainda um escrever esquizo, que abarca as ações do momento, ou as ações que atravessam os poros e se tornam matéria.  Performance. Análises dessas performances. Um agir pessoal de criação em torno do tempo e do espaço. Como se algo pudesse acontecer e interagir a qualquer momento. Tosse de um outrem. O telefone toca. Ufa, dessa vez não é para mim. Uma porta se abre. Não sai ninguém. A porta se fecha, junto aos pensamentos de expectativa. Expectativa mesmo de quê? Enquanto escrevo, meu coração pulsa. Sei exatamente o ritmo que ele bate. Erro o texto e percebo que o coração abate qualquer senso de tranquilidade. De repente o meu telefone toca, ânsia, desespero? Ufa, é só você me ajudando a construir um bom final para isso aqui e dizer eu te amo. Estou novamente em paz.

terça-feira, 22 de maio de 2012

matemáticas e abstrações ou seria um texto sobre o caos?





As paredes têm ouvidos. O tecido é feito de tramas. Meu corpo escuta tudo. Dúvida, mistério, incerteza. Eu não creio que afirmações matemáticas digam de verdades. Falam em teorias, mas já se mostraram frágeis mediante ação. Números e abstrações provocam distúrbios das mais diversas ordens, mas o sentido originário da ineficiência repousa sob a incapacidade de uma ação essencialmente racional. Os números protegem o discurso, quando a ordem dos fatores altera o seu produto. No entanto, estamos aqui falando em estética, e não há nada mais plausível que mudar essa equação. Proponho então, que o caos dos fatores _sempre mutáveis_ alterem o seu produto. Caos como o cenário estético/ético coerente à realidade espacial e caos como potência de mudança, ação, afirmação. A ordem estabiliza os fatores e corrompe qualquer possibilidade de movimento, torna-os estáticos. E o produto que se apresenta não condiz com o ordenamento dos fatores, nem quando a ordem é instituída, afinal se o produto se constitui como objeto, muito pouco valor ele tem em detrimento das forças que envolvem o seu entorno infinito. A indumentária fala além e aquém dos tecidos, linhas e dobras que a compõe. Diz de um estado de ação no mundo e possibilidade de engendramento de novos mundos. A força da moda está nos atravessamentos que ela propõe ao inferir no olhar do outro, como uma catapulta que lança corpos, idéias e afetos e os transformam. Precisa de ordem dos fatores? Pois eu apresento o que sou capaz de mapear num dado instante. Saia, corpo, vestido, flor, pedras, sujeira, vestígios, animal, couro, pele, sangue, magenta, tachas, bicho, cobra, onça, píton, solado, salto, look, estilo, caro, barato, vintage, compra, venda, troca, furto, brilho, ouro, latão, rebite, spike, paetê, tudo isso é poesia jogada na pele, jogada ao vento, virais cotidianos que me infecta, te infecta e nos envolve. Poesia é travessia que dá conta do verbo pela metáfora que adentra a pele da moda como um espirro mal educado que não pede licença. A pele do corpo impera operando incertezas, formas de vida, estados de ação. Vulnerabilidade. Adversidades a parte, não há como agir diferente, a menos que as mentes sejam pequenas por demais e os códigos só se expressem em simbologias duras o suficiente para ignorar a ambiência na qual estão inseridas e permitir codificações finitas. Objetos ignoram o espaço objetivo da percepção que o corpo experimenta somente estando lá e sabendo que pode se mover. É fazer metafísica sem metafísica e deixar latente uma percepção além do corpo, da matéria e das formas, mas imanente ao mesmo corpo que o experimenta e produz. A fenomenologia vai dizer o esquema corporal como consciência da ação e realização, que se configura também no virtual e não há mistério para dizer das afecções que não passam pelas superfícies porosas do tecido da pele, tecido da roupa tecido (verbo) de fibras e fios.  Não há ordem sem caos, nem ação sem mudança. É preciso experimentar e elaborar o novo que atravessa e grita nos tocando na alma. Moda, corpo, verbo, tudo é experiência.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

devaneios sobre a ação prática da moda



Estampa Superfícies porosas (Virginia Lotus) - 2009 - Extraída de um trabalho de arte produzido e exposto no mesmo ano.


Aventure-se ou serás vencido! Esse deveria ser o lema de qualquer estilista, designer e afins que desejam se inserir no mercado. O sistema tem lá seu compromisso de apresentar ao coletivo, umas verdades, e a subversão dos meios para isso é o que mantém vivas as utopias daqueles que se posicionam lá. Vender tem a potência de dizer e dizer tem a possibilidade de alcançar o outro em um exercício cotidiano de afetar e ser afetado. Trabalhar com moda, desenvolver produtos e discursos requer um trabalho de reflexão, pesquisa e ação.  

Pessoalmente não consigo concentrar naquilo que não gosto, não acredito e não me esforço para executar. Ainda não fui arrebatada pela “magia” de saber as medidas exatas do corpo humano, aliás acho isso muito chato e agressivo, ter que impor a ordem de um território que é pura afecção. É também tedioso travar discussões acerca da nomenclatura dos elementos da indumentária e ver que o “vivo” tem a capacidade de morrer na linguagem de quem não se compromete com a potência da moda, fato que me parece demasiadamente empobrecedor.
O encontro do novo, mesmo apresentado velho, sujo, rasgado e cheirando a mofo é mais interessante que a angústia de servir a um mercado invisível e projetado por cegos incompetentes que não pensam na potência da moda quando inserida ao social. Não consigo lidar com a carta mal enviada, rasurada por quem não foi autorizado e entregue sem cuidado. Fica difícil passar a mensagem e continuar lutando, em resistência à visão rasteira e míope dos donos do ouro (nem todos, mas boa parte). Um estilista deveria saber que uma peça de roupa é palavra, parte (verbo e ligação) de uma mensagem que se insere na formulação verbal de uma sociedade que se constrói a partir de códigos. É difícil dizer ao mercado, que para se dizer alguma coisa e se fazer entendido é necessário conhecer seu interlocutor, que se apresenta individual, mas carrega cosigo uma coletividade repleta das mais diversas naturezas. Como ignorar alguém que compra o seu discurso? Como não dar ouvidos à fala de quem escolhe as palavras ofertadas por você? E também o contrário, é necessário que aquele que oferta se apresente de maneira coerente com sua verborragia. Dizer é mesmo um ato muito perigoso, praticamente uma aventura. Dessas que feitas com um ponto de interrogação, provocam respostas. Uma pergunta.(?) A famosa indumentária duvidosa é um convite à criação. Finalizo esse devaneio com o desejo da aventura, da dúvida e do erro como possibilidade de fala, que elogia, mente, grita, xinga, critica, sussurra, canta, discursa, questiona e também se cala.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

resposta ao convite à vida



ou a respeito do que corre debaixo da pele......





Ao deparar-me com os escritos em prosa tracei uma conversa. E quase um ano depois me sinto à vontade para manifestar. Porque só agora diante do meu sentimento latente, da minha incerta certeza, escutando que eu sou TUDO para um outro é que eu consigo encher o meu peito e dizer que o amor visto de cabeça para baixo é outro amor. Não consigo nem dizer se é só amor, porque essa palavra que dá voz aos poetas parece pequena perto dessa completude que atravessa cada mínimo poro do meu corpo e me faz (a) mulher, amante, amiga, mãe, e me torna o outro. Amor, ou essa coisa que não sei o que é, parece ser o devir-existencial. Devir da própria existência. Tornar-se existir. Devir no próprio devir. Não me reconheço sem essa dose desse algo mágico, fantástico que nos completa, nos envolve e nos torna tudo, um para o outro. Evidência de que o amor não é o mesmo. Não poderia pensar assim e dizer que falo da mesma coisa, uma vez que experimentamos o diferente sempre e sendo nós mesmos. Já poderia afirmar Heráclito sobre o ato de mergulhar em um rio. Acredito na experiência que mergulha no corpo e se banha nesse movimento de ir e vir, de levar, trazer e se perder. Experiência imanente ao corpo. Dessas que não se experimenta duas vezes o mesmo. Nem com o mesmo, imagine com o outro. Ocupo-me de ser sempre ação, nova ação. Dotada de ações íntimas que se reconhece num afago apertado, em seu sentido originário: no amor. Doar, receber, compartilhar. Falamos dos símbolos, códigos, linguagem. Somos coerentes com nossas abordagens, que afirmam a existência a partir da linguagem. Deixamos assim para permitir experimentar tudo o que nos é ofertado dessa novidade, desse novo experimento, desse convite precioso que a vida nos proporciona. Status em redes sociais enchem esse mundo de alegorias, que colorem cinzentas manhãs e nos fazem divertir ao percebermos a ordem pragmática dessas ações. Dizia Peirce, um pensador do seu território, que a pragmática diz dos afetos que ela é capaz de causar naquele determinado objeto. Pois, bem! O objeto que deixamos o outro enxergar com sua miopia é envolvido por esse fragmento afetivo que selecionamos para compartilhar deixando a maior fatia dessa coisa para o nosso próprio ritual. Para nós dois, naquele agosto, dois meses após nossos olhos se atravessarem, entendemos o que as nossas almas almejavam e exigiam de nós. Precisávamos completar o laço daquela fita enroscada, entregue por deus ou pelo diabo, tanto faz, se tratava de um tesouro. Estabelecemos nossas juras e sentíamos pulsar alguma coisa que a gente chama de amor, mas sabemos que vai além do amor dito por nós dois em tempos que não havíamos deixado nossas almas se cruzarem e nossas afecções se atravessarem. Lembro-me quando fomos pegos pela surpresa desse arrebato que não conseguíamos nomear, somente pudemos dizer o quanto parecia que formávamos uma coisa só. Não era necessária a linguagem para além dos olhos, dos afagos e dos suspiros. De fato ainda não é. Compreendemos a movimentação da nossa alma ao encontro do outro e dizemos disso como o mistério do mundo, como a única forma de vida. Nesse sentido aceitamos o convite e fazemos bailar a nossas almas embriagadas de intensidade ao som do gozo do novo que permitirmos escutar com o corpo e alma e nos deixamos envolver. Para todo o sempre, pois minha alma sabe disso. E a sua também.


terça-feira, 15 de maio de 2012

moda - pele - repetição


Produzir, produzir, produzir, até fazer diferente. Manoel de Barros já dizia isso sobre o repetir. Uma ação potente de (re) fazer algo inúmeras vezes. A multiplicidade da ação de fazer de novo ganha corpo quando se assume que se faz de novo, novamente, outra vez, repetidas vezes, inúmeras vezes, ad infinitum... Compreende? São apenas palavras. E se engana quem pensa que falo aqui de sinônimos. Não. Minha reflexão passa pela multiplicação dos signos e engendramento de sentidos. Posso falar da moda. Posso falar da arte, da literatura, da música e do discurso. Discursos inclusive do cotidiano. Quem fala repetidas vezes uma mesma coisa, corre o risco da variedade de ouvidos. Ouvidos duplos de uma mesma pessoa. (Ou)vidos múltiplos de uma mesma pessoa, que por sinal são muitas. Repetidas em um mesmo corpo, entre uma mesma pele porosa, que por vezes rodeiam o próprio rabo. Isso é só um fato. 

Falo da repetição porque vivemos em ciclos. Ciclos cíclicos imperfeitos. Que poderiam até ser quadrados, trapézios, ou forma da nada.  E de tão imperfeitos, esses ciclos-nada carregam em si a maior perfeição que se pode imaginar. Cabem em qualquer lugar. E cabem mesmo. Ao passo que vão além de qualquer espaço, qualquer tempo, ou temporalidade. Quase ocupam um não lugar. Quase ocupam um espaço de tempo que não dá pra cronometrar. Nossos ciclos também são imateriais, incorporais, mas não descolam do corpo e do indivíduo. O não-corpo é imanente ao indivíduo. Ele, somente ele é capaz de produzir esse nada, essa não ocupação que é também ocupação de tudo. Como lidar com o fato de que o corpo é suporte da arte, do comportamento, da manifestação da vida, se o corpo não está lá? Se ele se apresenta negando, mas não como um acorpo, e sim como um não-corpo – logo o corpo está ainda lá.

Estaria esse não-corpo presente debaixo da pele? Debaixo dessa superfície que nos é apresentada como nossa maior proteção, o maior órgão externo, mas que também é poroso, portanto interno? Ou seria esse não-corpo isso que é interno, externo, visível e invisível, para além do indivíduo? Prefiro crer na produção do indivíduo que vai além do corpo, do pensamento e da ação. Por isso inicio o meu chamado convidando a produzir. Entrelaçando essa produção com o repetir. Um convite ao engendramento de sentidos. Fazer denovo, inúmeras vezes como disse, até fazer diferente, encontrar a diferença, formular, elaborar novos modos de vida. Eis a afirmação de ser no mundo. A afirmação de não somente existir pela sobrevivência das ações. Se você me diz que eu faço isso errado, eu acho ótimo. Deve haver mais outras zilhões de formas de fazer diferente. Fazer de Novo, algo novo, por assim dizer. Eu necessito disso para sobreviver nessa minha ação. Não sei, não posso e não consigo parar. Estou à beira de um abismo. De um jardim. De uma praia. De uma avenida. De um canteiro em obras. Corrijo-me. Já não estou mais à beira de nada. Estou no meio, no entre, no vazio, na minha percepção corporal e incorporal. Não há mais tanto sentido em ficar na beirada de nenhum outro corpo. Preciso de cruzamentos, esquinas, pontes, cadeira, tabuleiro, espelho, vidro e maçã. Isso porque a essência dos gregos não cabe mais em mim. Não há conceito que me responda em afectos. Não há elaborações que me façam chegar até a origem que o bigodudo tanto fomentou. Essa origem da percepção do corpo, que atravessa, muda, multiplica, corta, prensa e transforma. Produzir, refletir, transformar. E fazer tudo isso de novo. De um jeito novo.



sexta-feira, 11 de maio de 2012

um blog e possíves travessias

 Flávia Virgínia - Suporte insuportável (2010) - Técnica mista


Blogs de moda, look do dia, diários de nada. É assim em grande parte da blogosfera fexion atual. Alguns sobreviventes ainda escrevem, entusiasmados e gritam os seus gritos de verborragia, em meio a vários códigos vestimentares que são expostos e pouco refletidos. A moda se constrói sob a luz que atravessa os poros da superfície do tecido, conhecido por segunda pele e às vezes até por vestimenta. Os afetos produzidos acima da pele escorrem para dentro dela e conduzem a moda a um exercício de expressão interna e externa. 
O que ser um blog de moda? Perguntaria qualquer um que não se faz presente nesse território de jabás, louboutins, beleza, eventos, lugares, estética. Deleite. O mais puro deleite, de rosas e frésias. Digo isso a respeito do alcance e do conhecimento cotidiano que é gerado a partir dos tão abrangentes blogs de moda.  Enfim, não proponho um blog de moda, mas proponho pensar moda em um blog, sem muito gesso, esquema ou sistema, exceto os que a própria plataforma me impõe. Moda não será tratada somente  como vestuário, sequer fotografia, publicidade, notícias e deleite. Mas talvez seja tudo isso, aquém e além da própria moda e dos afetos que ela é capaz de engendrar. Afinal não estou somente fora. Estou dentro e fora por todos os lados. Proponho  também andar com arte. Pensar, agir, manifestar, falar, atravessar. Aliás, os atravessamentos colocados na descrição abrem os poros das superfícies tratadas por aqui e permitem esses tais movimentos sem direção, ordenamento ou sentido.