sexta-feira, 11 de maio de 2012

um blog e possíves travessias

 Flávia Virgínia - Suporte insuportável (2010) - Técnica mista


Blogs de moda, look do dia, diários de nada. É assim em grande parte da blogosfera fexion atual. Alguns sobreviventes ainda escrevem, entusiasmados e gritam os seus gritos de verborragia, em meio a vários códigos vestimentares que são expostos e pouco refletidos. A moda se constrói sob a luz que atravessa os poros da superfície do tecido, conhecido por segunda pele e às vezes até por vestimenta. Os afetos produzidos acima da pele escorrem para dentro dela e conduzem a moda a um exercício de expressão interna e externa. 
O que ser um blog de moda? Perguntaria qualquer um que não se faz presente nesse território de jabás, louboutins, beleza, eventos, lugares, estética. Deleite. O mais puro deleite, de rosas e frésias. Digo isso a respeito do alcance e do conhecimento cotidiano que é gerado a partir dos tão abrangentes blogs de moda.  Enfim, não proponho um blog de moda, mas proponho pensar moda em um blog, sem muito gesso, esquema ou sistema, exceto os que a própria plataforma me impõe. Moda não será tratada somente  como vestuário, sequer fotografia, publicidade, notícias e deleite. Mas talvez seja tudo isso, aquém e além da própria moda e dos afetos que ela é capaz de engendrar. Afinal não estou somente fora. Estou dentro e fora por todos os lados. Proponho  também andar com arte. Pensar, agir, manifestar, falar, atravessar. Aliás, os atravessamentos colocados na descrição abrem os poros das superfícies tratadas por aqui e permitem esses tais movimentos sem direção, ordenamento ou sentido. 


Um comentário:

  1. O que ser um blog de moda?

    Como diria o Repórter Boato http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=DhvPz6cVyho#t=260s

    Agora, penso ser a moda um dos mais influentes mecanismos da civilização ocidental desde o Renascimento. E se é, pois, tão influente, deve ser objeto de investigação da filosofia, da arte, ou outro.

    Ora, a roupa é sem dúvidas algo essencial. Nudismo a parte, não há como fugirmos dela, seja em uniformes, trapos ou alta costura. Então, se é uma produção humana é, pois, cultura, e como tal está atrelada ao corpo, não porque o cobre e protege, mas por que é a linguagem.

    E se é linguagem, por que não ser em um Blog?

    O complexo conceito de Arquiescrita de Deleuze não é um objeto, uma coisa, nem mesmo uma palavra. Acredito ser uma forma não-existente da escrita em geral, é aquilo mesmo que não se pode deixar reduzir à forma da presença. Ludwig Wittgenstein já alertava para a força da linguagem no processo de “assujeitamento” do homem: “Os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”. Sem associar-lhe a esses autores, tenho gostado de pensar a moda nessa ótica, pois se é linguagem, se está “arquiescrita” nos corpos, então “não estou somente fora. Estou dentro e fora por todos os lados.”

    Agora, se as pessoas que tem interesse em moda vão se interessar por crítica de moda? Acho que a resposta adequada está, novamente, com o Repórter Boato. Acredito que exista uma questão em torno da legitimidade da área de moda. E se a moda deseja esse reconhecimento, então ela precisa circular dentro e fora da academia: nas cadeiras velhas das universidades e, por que não, nos blogs.

    Parabéns pela iniciativa!

    ResponderExcluir