segunda-feira, 25 de novembro de 2013

a famosa errata



retornei hoje ao blog. como alguém que precisasse mais que um moleskine íntimo para depositar palavras e sintaxe. percebi que exaltei figuras que hoje não me afetam mais, ou me deixei enganar com falsas promessas estampadas nas superfícies. ainda sou amiga da superfície, mas ando vivendo um teatro sem cenário. antes imaginava que havia algo por detrás da cortina. agora, acredito que se há um saber sobre as coisas, tal saber está na própria cortina. se tivermos o acesso a este pretenso teatro, ao escancararmos o tecido que vela o mesmo, nos surpreenderíamos com nada. isto. a própria expectativa que fala do que há por detrás é traída com aquilo que servia para selar, por alguns instantes, o elemento surpresa. no teatro do real acontece assim. já nas artes, os elementos se enriquecem e cedem lugar aos camarins, às coxias, ao cenário, ao figurino e a um árduo treinamento corpório que afirma na existência da interpretação, aquilo que compõe com a cortina um pensamento outro, sem conceitos, sem enquadramentos psicossociais. falam-se apenas afectos, perceptos, sensações. eis outra verdade que se afigura, sem enganar, pois no simulacro  não há modelo. apenas há a sua profanação que se despe junto aos adereços, se desfaz de qualquer promessa. mesmo aquela da satisfação, do riso, do gozo, do choro. figuras de moda mais rasas que o rio arrudas, estilistas mais oportunistas que as bactérias que habitam um corpo. aliás, todos fazem parte deste corpo. um corpo organizado, cheio de órgaos que dispõem seus pares e excluem aqueles que não podem fazer parte. admito aqui mesmo, com letras que não se emparelham com base em hierarquias [ maiúsculas e minúsculas] que muita coisa mudou. abandonado, este espaço pode continuar a ficar, entretanto por ocupar um espaço público e virtual/real/processual, não quero correr o risco dos maus entendidos, dos maus afetos. passa-se um ano e as luzes se transformam. eis aquilo que nos força a pensar. ou, o próprio pensamento. 

Um comentário:

  1. Sobre este e seu ultimo post: as vezes é preciso mudar de opinião para permanecer sempre no mesmo partido

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